domingo, 25 de março de 2012

ZAHA HADID VEM AO BRASIL

Olha só que notícia boa: a "dama da arquitetura" vem ao Brasil, mais especificamente ao Rio, pela quarta vez, desde os anos 1980. Agora, irá falar ao público no Arq.Futuro, encontro que trará ao Rio, além dela, o arquiteto japonês Shigeru Ban e os economistas Edward Glaeser, de Harvard, e José Alexandre Scheinkman, de Princeton - ambos pensadores do espaço urbano. Zaha fará palestra no dia 30, às 18h, no Espaço Tom Jobim. A reportagem é de

 Zaha Hadid lembra que era ainda "uma criança crescendo na República do Iraque" quando o Brasil vivia seu momento de maior ênfase na arquitetura. Eram os anos 1950, e Zaha sentia que também em Bagdá havia um sentimento de "construção da nação". Hoje, aos 61 anos, ela é a única mulher da História a ter recebido o Pritzker (em 2004), considerado o prêmio Nobel da arquitetura, e desembarca no Rio, nesta semana, num momento que, afirma, é muito semelhante ao dos anos 1950: há um "orgulho renovado na estrutura das cidades" somado a "ideais de mudança".

Declaradamente influenciada por Niemeyer (que também recebeu o Pritzker, em 1998), a iraquiana radicada em Londres diz que, como ele, "despeja o concreto em formas fluidas" para criar construções em que a integração de espaços e as curvas são os elementos mais marcantes. São dela projetos como a Guangzhou Opera House, na China, o museu MAXXI, em Roma (pelo qual recebeu prêmio Riba Stirling 2010), e o London Aquatics Centre, o parque aquático das Olimpíadas de Londres.
Em entrevista exclusiva ao GLOBO, segundo a própria o primeiro veículo da América do Sul para o qual fala, Zaha diz que a arquitetura precisa entrar no século XXI, ir além dos "compartimentos do século XX" e abandonar conceitos de separação para integrar "complexidades da vida contemporânea". Ela também afirma que o Rio precisa aprender com o modelo das Olimpíadas de Londres e acredita que, hoje, o Brasil "deve ser um dos países mais estáveis da Terra".

A senhora já veio várias vezes ao Rio. O que a impressiona?

ZAHA HADID: O Rio justapõe e opõe: paisagens marítimas e picos, modernidade e desordem, riqueza e pobreza. A solidão das florestas urbanas contrasta com multidões de pessoas e lojas no Centro da cidade. A integridade das favelas contrasta com a opulência e a perfeição de Copacabana e Ipanema. Essas adjacências extremas são o que tornam a cidade tão incrivelmente única. Eu acredito que as cidades precisam de lugares para que as coisas possam encolher e crescer - precisamos permitir e planejar um crescimento orgânico - e temos muito a aprender com essa expansão orgânica da cidade. Com sua energia e seu ritmo, o Rio é absolutamente de tirar o fôlego.

Muito se diz sobre a beleza natural da cidade. A senhora vê aqui peculiaridades?

A cidade tem o presente da topografia. Os morros do Rio cumprem o mesmo papel que os arranha-céus em Nova York ou Xangai, são referências polares. O desequilíbrio criado pelos declives naturais das montanhas é transferido para toda a cidade, gerando uma qualidade elástica e maleável no tecido urbano do Rio que estimula uma arquitetura dinâmica e fluida, que pode explorar conceitos radicais e extremos. Há uma maravilhosa porosidade e complexidade, a cidade tem muitas camadas ricas, e as construções refletem isso.

Recentemente, arquitetos da Universidade de Columbia vieram ao Rio. Há, aliás, um braço da escola de arquitetura de Columbia aqui. Por que o Rio tem atraído arquitetos renomados?

Nas últimas décadas, a América do Sul sofreu com um grau de isolamento e imprevisibilidade. É claro que isso permite uma liberdade de criação inimaginável, mas também traz restrições para arquitetos que trabalham com projetos de construções a longo prazo. A indústria da construção depende de certa estabilidade. No passado, houve momentos maravilhosos na arquitetura da América do Sul. Nos anos 1950, quando eu era uma criança crescendo na República do Iraque, era um momento de construção da nação, com muita ênfase na arquitetura, não apenas no mundo árabe, mas também na América do Sul. Havia uma crença inabalável no progresso e um senso de otimismo. Era um momento semelhante ao de agora, havia um orgulho renovado na estrutura da cidade, com ideais de mudança.

Na sua opinião, o que mudou nos últimos anos?

Com a internet, cidades da América do Sul, especialmente do Brasil, não estão mais muito isoladas do resto do mundo. O recente e longo período de estabilidade política e econômica do Brasil pode também ser considerado um importante fator. É sempre uma luta trabalhar por tanto tempo num projeto em que você coloca seu coração e sua alma em cada parede e coluna, e, então, vê-lo cancelado devido à instabilidade política ou econômica. Esse não é mais o caso, o Brasil hoje deve ser um dos países mais estáveis da Terra!

O que a arquitetura pode fazer por uma cidade?

Sinto que a arquitetura é um veículo que pode abordar questões sociais importantes da atualidade. A sociedade contemporânea não está estática, e os edifícios precisam evoluir com os novos padrões de vida para satisfazer às necessidades de seus usuários. Acho que o que a nossa geração traz de novo é um nível maior de complexidade social, que deve estar refletido na arquitetura. As complexidades e o dinamismo da vida contemporânea não podem ser relegados aos ângulos retos e aos blocos da arquitetura do século XX. Por isso, um dos grandes desafios da arquitetura e do urbanismo contemporâneos é ir além da arquitetura do século XX, aquela da compartimentação, em direção à arquitetura do século XXI: uma arquitetura de espaços flexíveis, que reflete os processos complexos da vida, do trabalho, e a fluidez muito maior das carreiras e das corporações.

A arquitetura do século XX não serve mais?

A repetição e a separação que definiam as construções do século XX foram superadas por construções que unem e adaptam. Esses novos sistemas permitem a organização e o planejamento de complexos processos de vida que assimilam nossos aspectos de trabalho, educação, entretenimento, habitação e transporte. Elementos na nossa arquitetura se ajustam para formar um continuum, criando uma ordem, uma diferenciação lógica de componentes que têm elegância e coerência.

O Rio se prepara para as Olimpíadas de 2016, em que há muitos investimentos e, por outro lado, o risco de usá-los de forma equivocada. Como aproveitar esse momento?

Acho que seria interessante para o Rio estudar o modelo adotado por Londres. Os organizadores dos Jogos Olímpicos de lá decidiram promover as Olimpíadas mais sustentáveis da História. Portanto, a ideia é desenhar e construir espaços que sejam um legado a longo prazo, depois dos jogos. Esses novos locais são, então, temporariamente adaptados para as Olimpíadas. Essa é a chave para a sustentabilidade de todo o desenvolvimento olímpico e muito importante para Londres, já que a cidade não pode arcar com muitos locais caros, superdimensionados e subutilizados. Com 17.500 lugares, nosso projeto para o Centro Aquático de Londres tem capacidade de receber mais espectadores que qualquer outra piscina olímpica da História. Vai, então, ser reduzido para um local de menor capacidade depois dos jogos (apenas 2.500 lugares). Fora das Olimpíadas, eventos de natação no Reino Unido atraem pouco mais de mil espectadores. Então, não há necessidade futura de um lugar com tantos lugares.

A senhora costuma declarar que foi muito influenciada por Oscar Niemeyer. Como essa influência surge nos projetos?

Muitos arquitetos daquele período experimentaram com a forma, mas Niemeyer elevou seu trabalho a um nível superior, usando todas as vantagens da capacidade de o concreto ser despejado em formas fluidas, como eu faço no meu trabalho com as muito mais avançadas tecnologias de que dispomos hoje. Nossos projetos, como o MAXXI, o Phaeno Science Centre Germany e o Centro Aquático de Londres, capturam movimento e vida por meio da fluidez.

O júri do Pritzker, quando anunciou sua vitória, disse que a senhora se mantinha firme no compromisso com o modernismo. A senhora mantém tal compromisso? Sua obra mudou nos últimos dez anos?

As camadas e a porosidade estavam sempre no meu trabalho, fatiar tudo muitas vezes, fazer algumas coisas deslizarem sobre o projeto e outras desaparecerem. Recentemente, nós olhamos para a geologia e a arqueologia, a morfologia orgânica, células, biologia. Eu diria que o design ficou mais extremo porque as construções ficaram mais complexas, tendo que acomodar tantos usos diferentes em apenas uma solução. É obviamente uma geometria não euclidiana. As pessoas dizem: "Por que não há linhas retas, por que não há 90 graus?" Isso é porque a vida não é feita num quadrado. Uma paisagem, por exemplo, não é sequer regular. Mas as pessoas vão até as paisagens e acham que é muito natural, muito relaxante. Acho que podemos conseguir esse efeito na arquitetura.

domingo, 18 de março de 2012

COBOBÓS

Este post foi retirado de Papo de Design, da Cris Quintas. Vale a pena visitar, hein!
Herança da arquitetura islâmica, Inspirados nos muxarabis de madeira, nossos cobogós foram originalmente construídos em cimento.O cobogó é uma criação brasileira, patenteada em 1929 por 3 engenheiros atuantes em Pernambuco: Amadeu Oliveira Coimbra, Ernest August Boeckmann e Antônio de Góis. As iniciais de seus sobrenomes deram origem ao criativo nome cobogó.

Com certeza você já viu um! Este  elemento vazado, utilizado na arquitetura, para fechamento de estruturas, mas permitindo a entrada de ar e luz. É característico na arquitetura moderna Brasileira da década de 50, muito usado por Niemeyer e Lucio Costa.

Cobogós são uma grande paixão na minha vida e fico muito feliz em falar um pouco mais sobre eles. Espero que gostem da matéria e que fluam as ideias!
 
  

Os elementos vazados que conhecemos atualmente ficaram  mais populares e  podem ser fabricados a partir de diversos materiais, como vidro, cerâmica ou ainda o cimento ( como foi originalmente produzida), com tamanhos e desenhos diferentes. A principal função do cobogó é  criar um elemento que dê privacidade ao interior das casas, sem comprometer a luminosidade, ventilação e a visão do mundo exterior , o jogo de luz e sombra que essas peças fazem é incrível. E para construir em regiões mais quentes, nada é mais perfeito. Quero que vocês vejam umas imagens que valem a pena, do cobogó utilizado no interior, trazendo de volta o glamour deste material que se perdeu ao longo do tempo, mas vejam que ele promete! 
 

                                  Como cenário das cadeiras Bertoia , um luxo !
  

Acho sensacional a volta dos cobogós, não só nas fachadas, mas também nos interiores das residencias, sua essência é muito rica, forma, volume, cores, luz, sombra, ventilação, vários elementos unidos em um único produto.

Hoje você pode encontrar em diversos lugares e ainda pode fazê-los por encomenda.
Tendo em vista a volta do retrô na decoração... o cobogó vai muito bem !
confira mais imagens !

 Adorei esse ambiente, neutro, clássico e charmoso 
com o cobogó ao lado.ele certamente deve permitir um conforto incrível de ventilação e iluminação.

O que vale são as ideias! seja em cimento, barro, madeira, vidro..legal é investir no charme que é um ambiente vazado. 

Com certeza é mais trabalhoso, nem sempre encontraremos mão-de-obra especializada para colocação com bom acabamento, ou até mesmo na confecção, se for o caso. 
Mas o efeito final, não tem preço !

 Um elemento que vai de piso a teto, valorizando o pé direito duplo e de apoio da escada, realmente lindo ! Melhor ainda é que é vermelho, em um ambiente basicamente neutro, o cobogó é estrela principal !

                           Detalhe do elemento vazado em vermelho !me apaixonei !




Gente, mais novidades...o cobogó não só precisa ser usado em fachadas, muros divisórias.A novidade é a mesa criada pelos designers irmãos Campana.

Cobogó table Irmãos Campana empresta mais do que o nome e a inspiração para a peça, já que entra em cena como elemento fundido ao tampo, interrompendo a superfície plana com desenhos irregulares. 


Os Campana exploram esse recurso arquitetônico com poesia: a luz que passa pelo cobogó projeta uma sombra rendada no chão, gente, fiquei real, fiquei realmente encantada.



                                      Vejam um pouco mais de detalhes nas peças !




                      Gente, eu também não poderia de mostrá-los nas fachadas...

                                   Fachada da loja Farm

                  Parque Guinle (1948-1954) no Rio de Janeiro, projeto de Lucio Costa
                      Casa Sumaré (2007) em São Paulo, projeto de Isay Weinfeld

     Casa Pinheiros (2003) em São Paulo, projeto de Isay Weinfeld
                            Casa Iporanga (2006), no Guarujá, projeto de Isay Weinfeld
             Sem esquecer de Lina Bo Bardi no SESC Pompéia-SP(1982-1986)