Cansados de viver em apartamento, o casal de arquitetos Lourenço Gimenes (FGMF) e Clara Reynaldo (CR2) decidiu projetar sua própria casa – daquelas com quintal, jardim, muita iluminação natural, enfim, com espaço! O problema foi conseguir um programa desses quando o terreno escolhido por eles, de 4x30m, estava encravado num renque de estreitas casas geminadas.
A resposta, apesar de o objeto ser aparentemente simples, veio através de muita
pesquisa. Das minúsculas casas japonesas e holandesas, emprestamos mais do que a
certeza de que seria possível aproveitar o pouco espaço de maneira criativa: os
exemplos também induziram certa implosão do programa da casa pequeno-burguesa.
O ponto de partida da casa é o seu jardim
central, que, recortado no volume construído, cria três fachadas generosamente
banhadas de luz. Em torno deste jardim, uma passarela une dois blocos, de
tamanhos diferentes, que organizam as funções da casa e obrigam os moradores a
desfrutar do verde em todos os deslocamentos. O bloco maior concentra sala e
cozinha no térreo e quartos no pavimento superior; o menor contém ambientes de
apoio como área de serviço, escritório e a circulação vertical da casa.
sexta-feira, setembro 30, 2011
CASA 4x30
Cansados de viver em apartamento, o casal de
arquitetos Lourenço Gimenes (FGMF) e Clara Reynaldo (CR2) decidiu projetar sua
própria casa – daquelas com quintal, jardim, muita iluminação natural, enfim,
com espaço! O problema foi conseguir um programa desses quando o terreno
escolhido por eles, de 4x30m, estava encravado num renque de estreitas casas
geminadas.
A opção foi lançar mão de espaços integrados e
eliminar outros considerados “obrigatórios”. A proposta arquitetônica, pouco
alinhada ao espaço convencional para o estereótipo da família de classe média
paulistana, aproveita o pouco espaço de maneira criativa!
O ponto de partida da casa é o seu jardim
central, que, recortado no volume construído, cria três fachadas generosamente
banhadas de luz. Em torno deste jardim, uma passarela une dois blocos, de
tamanhos diferentes, que organizam as funções da casa e obrigam os moradores a
desfrutar do verde em todos os deslocamentos. O bloco maior concentra sala e
cozinha no térreo e quartos no pavimento superior; o menor contém ambientes de
apoio como área de serviço, escritório e a circulação vertical da casa.
Com portas de vidro retráteis, a sala foi
totalmente integrada ao jardim externo. Já à cozinha ficou a tarefa de marcar a
entrada da casa. Seu piso foi rebaixado em 75cm e uma passagem “elevada”, que se
estende por toda a casa, foi criada. Entre a sala e a cozinha a ligação se deu
por uma estranha mesa-piso - uma continuidade entre o nível da sala e a mesa de
jantar.
Pairando sobre os vazios de alturas diferentes
da sala e da cozinha, um grande objeto branco flutua. Destacado do eixo de
circulação, o paralelepípedo revestido de lambris de alumínio transgride os
limites da fachada frontal e se afasta da empena esquerda, permitindo
visualização de um painel de ladrilho hidráulico. O volume acomoda duas suítes,
acessíveis pela passarela de malha expandida.
Sobre a caixa dos quartos, um grande deck ocupa
a cobertura e cria um novo espaço de fruição, emoldurado por uma faixa de teto
verde. O solário dá acesso para manutenção dos equipamentos de ar-condicionado e
aquecimento de água, mas é, sobretudo, um espaço de lazer que complementa o
jardim do térreo.
Apesar de se distanciar do concreto armado
usual, a estrutura metálica empregada é extremamente simples. Esbeltas vigas
metálicas cruzam o espaço e apoiam-se em pilares embutidos nas empenas laterais.
O conceito da construção seca é apropriado também nos demais sistemas
empregados, como paredes de gesso e placas cimentícias, lajes de painel de
madeira, passadiços metálicos, grandes caixilhos e pisos de placas de borracha,
resina ou deck flutuante.
No conjunto, trata-se de uma casa de construção
eficiente, rápida e precisa, sem desperdícios e retrabalhos. Os materiais
empregados são tão recicláveis quanto a própria casa, que pode ser facilmente
adaptada ao longo do tempo ou simplesmente desmontada quando
necessário.
A obsessão pelo branco não é puramente forma,
embora a busca por um espaço simples fosse uma premissa do partido: é, antes de
tudo, uma estratégia para refletir a luz internamente, levando-a a todos os
pontos da casa.
O jardim também tem seu papel na eficiência da
casa. Além de permitir uma área permeável superior à exigida por lei, o espaço
gramado conta com uma pitangueira e uma vistosa parede verde que refrescam
naturalmente e criam uma zona de baixa pressão.
Fonte: Blog O lápis verde
Nenhum comentário:
Postar um comentário