Móveis e acessórios made in Brazil nunca foram tão procurados no exterior. Na última década, grifes consolidadas em território nacional firmaram-se também em outros continentes por meio de lojas próprias, franquias e multimarcas, difundindo o jeito brasileiro de morar. E são raras as demandas por adaptações. Na maioria das vezes, as linhas à venda lá fora são as mesmas disponíveis por aqui, comprovando que a marca “Brasil” nunca esteve tão em alta. Os executivos de Artefacto, Lumini, Ornare, Saccaro, Tramontina e Trousseau contam suas experiências pelo mundo – e revelam suas receitas de sucesso entre os estrangeiros.
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Os enxovais da Trousseau acabam de desembarcar, quase simultaneamente, em dois países. Em abril, um mês após inaugurar um espaço exclusivo dentro da loja ThreadCount, em Miami, a marca instalou um corner de 15 m² no Atelier Sant’Erasmo Cinque, em Milão. As estratégias, segundo o empresário Romeu Trussardi, diferem bastante. Os clientes de Miami encontram o mix vendido no Brasil, em versão reduzida, incluindo fragrâncias e acessórios – jogos de cama como os da linha White Luxury (à esquerda) só tiveram as medidas adaptadas ao padrão norte-americano. “Queremos repetir o modelo em outras cidades. A próxima será Nova York.” Já para os italianos, a Trousseau criou linhas exclusivas. “São peças de banho e cama de tons mais sóbrios e sem tantos adornos.”
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Em 2002, a Artefacto abriu sua primeira flial estrangeira, em Coral Gables, subúrbio descolado de Miami. De lá para cá, outras duas megalojas foram inauguradas – uma em Aventura, Miami Beach, e outra em Doral, área que concentra casas de campo e pequenas chácaras. O mercado da Flórida tornou-se tão importante que o CEO da empresa, Paulo Bacchi, vive entre Brasil e Estados Unidos. As unidades norte-americanas concentram as coleções das três grifes, Artefacto, Basic e Beach Country, mas dispõem de produtos exclusivos. E fazem frente à forte concorrência local em função da agilidade no atendimento. “Um depósito de 10 mil m² nos permite fazer entregas em, no máximo, 48 horas. Assim, os clientes que passam temporadas em Miami podem montar um apartamento rapidamente com nosso serviço à brasileira”, diz.
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O processo de internacionalização da Saccaro, iniciado em 2004, está mais do que consolidado – além de três franquias no exterior, localizadas em Cidade do México, Miami e Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, a marca tem espaços exclusivos, as chamadas Galerias Saccaro, dentro de 18 lojas multimarcas de 14 países. As fbras naturais, que sempre foram o ponto forte da Saccaro por aqui, cedem espaço a outros materiais. “Com exceção de Miami, onde há muitos brasileiros, a madeira natural é o acabamento número um lá fora”, afrma o gerente de exportações, Gustavo Scola.
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Marcas que não têm loja própria no exterior alcançam o sucesso investindo na exportação de seus produtos. A Lumini é uma delas: suas luminárias estão em lojas multimarcas de 27 países, principalmente na Alemanha. Entre as peças mais vendidas, o premiado pendente Bossa (acima) se destaca. “No exterior, a cultura do design é muito forte”, diz o diretor de marketing, Ricardo Gutfreund. Outro exemplo de êxito é a Tramontina, aliás, uma pioneira: inaugurou seu primeiro centro de distribuição nos Estados Unidos em 1986 e, hoje, exporta para 120 países peças como a cadeira Sofa (acima). “No mercado externo, é comum a preferência por cadeiras com encosto mais alto e móveis robustos, diferentemente do que acontece no Brasil”, compara Clovis Tramontina, presidente da empresa.
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Miami também foi a porta de entrada da Ornare nos Estados Unidos. Há sete anos, a marca de armários planejados abriu a primeira loja na cidade, um showroom de 300 m² (à direita) no Edifício Moore, em pleno Design District – cujas vendas, atualmente, já superam boa parte das franquias brasileiras. Mas foi preciso esperar pelo fm da crise norte-americana para dar continuidade ao plano de internacionalização. “Passamos por momentos turbulentos, mas já voltamos a crescer. Acabamos de abrir uma unidade em Dallas e logo chegaremos a Nova York, Washington, Chicago e Los Angeles”, anuncia o CEO da empresa, Pitter Schattan. As linhas destinadas ao exterior são as mesmas, mas o executivo enxerga uma nítida preferência pelos acabamentos clássicos. “Os norte-americanos gostam muito dos madeirados e do alto brilho”, afrma.
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